Termômetro de mercado
26/06/2017

Cenário bem favorável ao produtor (até este momento!)

O indicador Receita Menos Custo da Ração (RMCR) indica, no período de janeiro a maior deste ano, um cenário bastante favorável ao produtor de leite neste ano, na comparação a 2016 e a anos anteriores. O gráfico 1 mostra a evolução do indicador (em termos reais, isto é, descontando a inflação).

Gráfico 1.
Evolução do indicador RMCR (Receita Menos Custo da Ração)

Fonte: MilkPoint Mercado

Lembrando ao leitor, o indicador Receita Menos Custo da Ração é calculado da seguinte maneira: considera-se a receita diária gerada (litros de leite produzidos x preço do litro de leite) por uma vaca produzindo 20 litros de leite por dia e, desta receita, subtrai-se o custo do concentrado que esta vaca vai comer por dia (neste caso, estima-se que uma vaca produzindo 20 litros de leite vai comer cerca de 7 kg de um concentrado padrão, com 70% de milho e 30% de farelo de soja, além dos componentes minerais).

Pelo fato do concentrado representar uma grande parte do custo de produção de leite (especialistas indicam que esta participação pode ser de 30 a 40% do custo operacional efetivo), este indicador tem muita relação com a rentabilidade do produtor de leite. Via de regra, quando o RMCR sobe, sobe também a margem de lucro do produtor e, quando cai, o mesmo ocorre com o resultado da atividade leiteira.

Os números este ano, acumulados no período de janeiro a maio, indicam um RMCR cerca de 25% maior que nos 5 primeiros meses de 2016, já descontando a inflação. Na média do período, o RMCR de 2017 foi de R$ 21,9/vaca/dia, contra R$ 17,6/vaca/dia em 2016. É um crescimento bem forte que, por consequência e correlação, deve significar também um crescimento na rentabilidade do produtor.

Mas, e o que será daqui para a frente?


De um lado, os preços ao produtor tendem a começar a recuar, em função de uma série de fatores de mercado (que merecerão uma análise específica neste espaço, numa edição futura). Este efeito de recuo tende a piorar o RMCR no segundo semestre deste ano.

Por outro lado, é ainda muito favorável a oferta de grãos (e, principalmente, de milho) no nosso mercado. Segundo a Conab, a safrinha de milho que está entrando no mercado agora deve ser 55% maior do que os volumes colhidos no ano passado. Este forte aumento na oferta de milho no mercado deve trazer redução de preços – o cenário futuro de preços, segundo os contratos na BMF Bovespa, indicam preços de milho para o segundo semestre deste ano, cerca de 35% mais baixos do que no segundo semestre de 2016 (já descontando a inflação!).

Assim, se os preços do leite tendem a recuar, os custos tendem a descer a ladeira também! De qualquer forma, é recomendável manter seus controles e gestão sempre na “ponta do lápis”, para antecipar tendências de mercado e evitar surpresas desagradáveis...