Termômetro de mercado
07/08/2017

Entenda as causas da redução dos preços em plena entressafra

Os dados consolidados do MilkPoint Radar, referentes ao leite pago em Julho (e fornecido em Junho), já estão disponíveis para todos os participantes. Observe os principais resultados na tabela 1:

Tabela 1 – Indicadores MilkPoint Radar – Pagamento de julho vs. Junho.
 
** Considerando produtores que colocaram os dados em 2 meses consecutivos. Fonte: MilkPoint Radar.

O MilkPoint Radar, sistema que vem ganhando espaço entre os produtores e consultores de todo o Brasil, cresceu mais uma vez, monitorando um volume superior a 1,48 milhão de litros/dia, aumento de cerca de 3% em relação ao mês anterior. A plataforma contou com 861 dados de venda do leite, valor cerca de 2% maior do que em relação ao mês anterior, com média de produção de 1.720 litros/dia para cada produtor. Com isso, podemos dizer que o sistema MilkPoint Radar já monitora um valor anualizado de mais de R$ 720 milhões!

Com relação à qualidade, pudemos observar pequenos recuos nos teores de gordura e proteína, que tiveram médias de 3,83% e 3,31% respectivamente. Os dados de CBT e CCS também apontaram quedas neste mês– o CBT fechou em 106 mil UFC/ml e o CCS, 448 mil células/ml.

Quanto aos preços, o Radar apontou um cenário de quedas nos preços pagos aos produtores. O indicador em sua média simples (ou seja, sem considerar o volume dos produtores) fechou em R$ 1,333/litro, diminuição de 4 centavos em relação ao mês anterior. O índice ponderado pelo volume, fechou em R$ 1,446/litro, também queda próxima a 4 centavos – gráfico 1. 

Gráfico 1 - Evolução dos indicadores de preços líquidos do MilkPoint Radar.


Fonte: MilkPoint Radar
 
Os preços por faixa de produção refletem esta tendência de queda nos preços, podendo ser observadas em todas as faixas de produção. As variações nos preços vão de -3 centavos (produtores acima de 3.000 litros/dia) a -5 centavos (produtores entre 250 e 1.000 litros/dia) – gráfico 2.

Gráfico 2 - Preços líquidos por faixa de produção (leite pago em junho x julho).

Fonte: MilkPoint Radar
 
Este cenário começa a ficar mais perceptível quando verificamos a tendência de variação dos preços dos participantes do MilkPoint Radar, que inseriram seus dados nos últimos 2 meses. Neste mês, a maior parcela dos participantes apontou queda nos preços (70,5%), enquanto 13,9% mantiveram-se estáveis e 15,6% receberam mais pelo leite em julho. Dentre os produtores que apontaram altas, os principais motivos reportados para o aumento dos preços mensais têm relação, principalmente, com: trocas de laticínio, produtores que aumentaram o nível de produção e mudaram de faixa de produção, renegociações com o laticínio e regiões com escassez de oferta (como no Espírito Santo).

É interessante verificar que as quedas nos preços, aqui mencionadas não ocorreram de forma homogênea por todo o Brasil. Confira no gráfico abaixo a variação média nos preços dos principais estados produtores de leite – gráfico 3.

Gráfico 3 -
Variação média dos preços pagos aos produtores dos principais estados produtores em junho x julho.
 
Fonte: MilkPoint Radar


Quais fatores resultaram nessa queda dos preços?

Primeiramente, a oferta de leite bem acima do esperado para a época de entressafra - pudemos verificar mais uma vez uma variação positiva na produção. A média dos participantes do MilkPoint Radar, que inseriram seus dados tanto em junho quanto em julho, apontam aumento médio de produção de 6,4% na produção entre maio e junho. Como podemos observar no gráfico 4, este valor segue muito superior à média histórica reportada pelo IBGE (de 1997 a 2016), de 2,2%.

Gráfico 4 - Variação de oferta entre os meses – IBGE x Cepea x MilkPoint Radar.

Fonte: IBGE/Cepea/MilkPoint Radar
* Dados do IBGE referentes à média de 1997 a 2016

Isso quer dizer que, enquanto historicamente há quedas de oferta entre fevereiro e maio, com pequena recuperação em junho, neste ano os dados mostram valores diferentes. O Índice de captação de leite do Cepea aponta quedas menores nos 2 primeiros meses, com recuperação a partir de maio. Já o MilkPoint Radar, que reúne produtores com porte médio maior (1.700 litros) e mais tecnificados do que a média brasileira, verificou aumentos de oferta consideráveis a partir de março.

A demanda segue patinando, refletindo nos preços de leite UHT no atacado.

Conforme mostramos em nosso último “Termômetro de Mercado”, dentro da plataforma MilkPoint Radar, os preços de UHT seguem em queda desde o mês de Maio e, na última semana de julho, fechou com preço médio de R$ 2,01/litro, cerca de 19% mais baixo do que o observado em junho deste ano, e 44% abaixo dos valores recordes de 1 ano atrás – gráfico 5.

Gráfico 5 - Preços de leite UHT no atacado (em R$/litro).



Os dados para outros derivados como os queijos e os leites em pó mostram histórias semelhantes.

Em momentos como este, de recuo nos preços, é muito importante que os produtores mantenham seus gastos controlados e invistam na saúde financeira de sua propriedade para maximizar seus resultados.

Pensando nisso, o MilkPoint Radar lançou recentemente o módulo de gestão da fazenda no sistema, visando mostrar aos produtores e consultores, de maneira comparativa, como evoluem os indicadores relativos aos custos da propriedade.

Veja neste outro artigo os dados de Receita Menos Custo de Alimentação (RMCA), do qual já participam centenas de produtores.