Termômetro de mercado
22/08/2017

O que está acontecendo com a produção de leite?

Depois de dois anos trágicos para o crescimento da produção brasileira de leite (em 2015 a produção nacional caiu quase 3% e, em 2016, quase 4%), os volumes de leite vem em recuperação em 2017, em função dos preços de leite mais elevados nos primeiros 6 meses do ano, e dos custos de produção menores, principalmente para o concentrado.

Os dados preliminares do MilkPoint Radar para o leite fornecido em julho (e pago em agosto) reforçam esta tendência, em um momento de plena entressafra da produção em Minas Gerais e Goiás. A variação de volume de produção dos produtores participantes do aplicativo indica um bom crescimento da produção, entre julho e junho para os estados de Minas Gerais, Goiás e São Paulo. O gráfico 1 traz as variações do volume de produção diário para os participantes do MilkPoint Radar em cada estado.

Gráfico 1. Variação da produção de leite entre Junho e Julho de 2017

Fonte: MilkPoint Radar

O gráfico compara as variações observadas no volume de produção dos participantes do MilkPoint Radar (colunas azuis) com a variação histórica de produção em cada estado, segundo o IBGE, para o período de 1997 a 2016. Por exemplo, em Minas Gerais, historicamente o IBGE aponta um crescimento da produção de julho de cerca de 1,9% em relação à produção de junho e, neste ano, de acordo com os volumes de produção dos produtores participantes do MilkPoint Radar, este crescimento foi de 6,9%.

Da mesma forma, em São Paulo e em Goiás o crescimento da produção entre os dois meses está bem acima do que indicaria o histórico do IBGE. Em Goiás, a diferença é gritante: em Julho, o IBGE aponta, segundo as médias históricas, uma queda de volumes de quase 3% em relação a Junho e, segundo as compilações do MilkPoint Radar, a produção cresceu 8,6%!

A sensibilidade da ferramenta também confirma os comentários de mercado sobre os efeitos da recente estiagem no sul do Brasil. Como também mostra o gráfico 1, o crescimento da produção, notadamente no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, ficou abaixo da média histórica no mês de julho. No Rio Grande do Sul, o crescimento dos volumes, segundo a prévia do MilkPoint Radar, foi de 3,5%, contra um histórico de 11,7%. Em Santa Catarina, o volume cresceu 4,8%, enquanto se esperaria uma evolução positiva de 9,6% em relação à produção de junho.

A conclusão é de que, dadas as boas condições, a produção ainda cresce acima da média histórica nos grandes produtores do Sudeste e Centro Oeste. Em contrapartida, os volumes do sul não devem vir tão elevados quanto viriam antes do efeito de seca, o que pode equilibrar um pouco a produção total do país.