Termômetro de mercado
25/08/2017

Mercado de soja, bons ventos para os compradores

Como mencionado anteriormente pelo MilkPoint Radar, os anos de 2015 e 2016 foram de grandes desafios aos produtores de leite na aquisição do concentrado, devido ao seu elevado custo. Mas em 2017, esse cenário vem mudando.

Tratando-se mais especificamente do grão de soja (matéria prima do farelo de soja), as cotações na CBOT (bolsa de Chicago) no último ano vêm em queda considerável, saindo de US$ 11,79/bushel em junho de 2016 para aproximadamente US$ 9,30/bushel atualmente, retração de mais de 20%, conforme pode-se observar no gráfico 1. (Bushel é uma unidade de volume, por isso seu peso varia conforme a densidade do produto em questão. No caso do grão de soja, cada bushel equivale a 27,2155 kilos).

Gráfico 1: Cotações da soja na CBOT (em US$/bushel)

Fonte: CBOT; Elaboração: MilkPoint Mercado;

Essa queda é principalmente relacionada ao aumento da área mundial de soja (especialmente no Brasil e nos Estados Unidos) e a uma melhor produtividade da soja brasileira na safra atual. Esses fatores, aliados à demanda internacional estável, elevam os estoques mundiais a níveis recordes, pressionando para baixo o preço no mercado.

Comprovando a forte influência da taxa de câmbio e das cotações externas no mercado interno, observa-se no gráfico 1 que em 2015 as cotações da CBOT não eram tão elevadas, porém, os altos patamares do dólar deixaram a soja brasileira muito mais cara (veja gráfico 2), principalmente no segundo semestre do ano.

Gráfico 2: Cotações da soja em Paranaguá e dólar

Fonte: Cepea; Elaboração: MilkPoint Mercado;

No gráfico 2 é possível ver exatamente o oposto. Em 2016, o câmbio registrou variação negativa de aproximadamente R$ 1,00/US$, mas as altas em Chicago deram suporte para que as cotações internas subissem acentuadamente.

Para o restante de 2017, o cenário de enfraquecimento nas cotações da CBOT, aliado ao real mais valorizado perante ao dólar e ao novo aumento de produção no Brasil, vem enfraquecendo os preços brasileiros. Assim, caso não haja intempéries climáticas ao longo da safra norte-americana atual (a colheita começa no final de setembro), nem fortes “reviravoltas” na taxa de câmbio, o segundo semestre de 2017 tem tudo continuar sendo favorável a quem precisa comprar o produto brasileiro.

No mercado de farelo de soja, apesar das quedas do preço do grão, espera-se que 2017 seja ano de recordes em volumes esmagados. Por isso, a natural queda dos derivados de soja causada pela queda no grão deve ser ainda mais acentuada pela oferta crescente.

Dessa forma, para os próximos meses, os produtores de leite que se mantiverem atentos para o mercado de soja e seus derivados devem encontrar boas oportunidades de compra para um dos principais e mais onerosos insumos da sua produção, o farelo de soja. (Em caso de dúvidas, entre em contato com a equipe do MilkPoint Mercado)