Termômetro de mercado
22/09/2017

De onde vem o desequilíbrio do leite brasileiro (este ano)?

Produção local + importações – Exportações. Esta equação simples traduz a oferta de leite no mercado brasileiro e, combinada com a equação da demanda, forma o equilíbrio de preços que hoje observamos no mercado.

Detalhamos, no gráfico 1, a variação (entre os meses de janeiro a junho de 2017 vs. 2016) dos fatores de oferta de leite no nosso mercado: a produção, as importações e as exportações (todos eles expressos em litros de leite equivalente). Este gráfico ajuda a entender a dimensão destas variações e onde está a raiz principal da situação.

Gráfico 1. Variação dos volumes de produção, importações e exportações de leite (em leite fresco equivalente) – 2017 vs. 2016

Fonte: elaborado pelo MilkPoint Mercado com base em dados do IBGE (Pesquisa Trimestral do Leite – leite formal) e do MDIC/Sistema Alice)

O leite adicional total disponível este primeiro semestre é equivalente a 350 milhões de litros no acumulado janeiro a junho. Este volume equivale a cerca de 43 mil toneladas de leite em pó integral, que seriam então o “excedente” disponível em relação a 2016.

Sobre os efeitos que geraram este excedente, claramente nos dois primeiros meses do ano as importações foram o grande vilão do mercado, tendo sido 164 milhões de litros maiores que no ano passado. Importante lembrar também que esta importação adicional nos dois primeiros meses do ano não “some” do mercado no mês no qual é importado, influenciando o mercado nos meses seguintes também. No entanto, a partir de março, começa a aparecer o efeito mais relevante, de crescimento da produção brasileira, associado ao início da queda dos volumes importados. No “fritar dos ovos” do primeiro semestre, a produção foi 412 milhões de litros maior que no ano passado (crescimento de 3,7%, sem corrigir o efeito do dia adicional de fevereiro/2016) e as importações foram 74 milhões de litros menores (só em junho de 2017, o volume importado foi 34% menor do que em 2016).

Para o restante do ano, as importações tendem a ser um “problema” cada vez menor, enquanto que a dúvida fica quanto ao ritmo de crescimento de nossa produção. Acreditamos que este deva permanecer positivo, mas também espera-se por uma redução do ritmo de expansão dos volumes, em função, principalmente, das quedas de preços ao produtor.