Termômetro de mercado
07/12/2018

Por que tanta importação???

O segundo semestre de 2018 tem sido de importações substancialmente maiores. Em novembro, os 148,9 milhões de litros de equivalente leite importados levaram o volume total do 2º semestre (julho a novembro) para 621 milhões de litros, 38% a mais na comparação com o mesmo período de 2017. Ao reduzir a comparação para os últimos 3 meses de 2018 a diferença fica ainda maior, sobe para 75% contra 2017. Observe o gráfico 1.

Gráfico 1. Importações brasileiras em equivalente leite. 
Fonte: Elaborado pelo MilkPoint Mercado, com base em dados da Secex

Sem dúvidas, o consumo lácteo nacional não tem conseguido absorver a oferta total, e há intensa pressão de preços em todos os elos da cadeia (seja no varejo, na indústria, e também ao produtor). Contudo, os baixos preços praticados internacionalmente, especialmente na Argentina e no Uruguai (nossos maiores fornecedores), aumentam a atratividade do leite importado. Observe, no gráfico 2, a evolução do preço do leite em pó integral dos nossos vizinhos, e a comparação dos seus preços com o preço levantado pelo MilkPoint Mercado (todos convertidos em dólar para melhor comparação).

Gráfico 2. Custo do leite em pó integral importado da Argentina e do Uruguai vs. preço Brasil em 2018.
Fonte: Elaborado pelo MilkPoint Mercado com base em dados próprios e da Secex.

Por fim, vale observar que, por conta dos baixos preços internacionais, a elevação na taxa de câmbio não tem sido um fator impeditivo nas importações. Como ilustra a tabela 1, a uma taxa de câmbio de R$ 3,90/dólar, o produto estrangeiro se insere no mercado nacional a menores preços em comparação aos domésticos: o leite em pó importado do Mercosul é precificado a R$ 1,28/litro de leite equivalente nas fazendas brasileiras, (lembremos que o preço de novembro apurado pelo Cepea foi de R$ 1,36/litro para o leite fornecido em outubro deste ano).

Tabela 1. Preço do leite em pó importado em reais relacionado à taxa de câmbio
Fonte: Elaborado pelo MilkPoint Mercado