Termômetro de mercado
06/02/2017

Dados Consolidados: Mercado com sinais opostos caracteriza janeiro

Os dados do pagamento de janeiro do aplicativo MilkPoint Radar não mostram uma tendência única de preços por parte dos produtores: entre os usuários que inseriram os dados tanto de janeiro quanto de dezembro, 41% apontaram altas nos preços enquanto 23% declararam estabilidade e 36% queda nos preços. Os motivos relatados pelos produtores que apresentaram alta foram: melhor negociação com o laticínio neste mês, além de bonificações de qualidade.


Gráfico 1. Tendência de variação do preço líquido – Janeiro x Dezembro.

Evolução da RMCR

Fonte: MilkPoint Radar

Neste mês, o sistema contou com 672 produtores de leite, um acréscimo de 9,1% sobre o mês passado. O volume diário monitorado pulou para 1,17 milhão de litros/dia, 3,0% acima do volume analisado em dezembro. A média ponderada por produtor foi de 1.739 litros, volume 5,6% menor do que no mês anterior, mas, ainda assim, muito acima da média nacional.

O gráfico 2 mostra os preços por média de volume de leite. Nota-se que houve queda no preço líquido para a maioria das faixas de produção, com exceção de produtores com volume diário abaixo de 250 litros/dia, que receberam em média, 1 centavo a mais em janeiro, além de produtores entre 1.000 e 3.000 litros, cujo resultado se mostrou estável.

Dentre as faixas com cenário de queda, a maior foi sentida em produtores de 500 a 1.000 litros e acima de 6.000 litros/dia, com redução média de 3 centavos. É importante ainda ressaltar a diferença do valor recebido pelos produtores com diferentes produções diárias de leite: produtores com volume diário inferior a 250 litros receberam, em média, 38 centavos a menos do que produtores com volume acima de 6.000 litros/dia.


Gráfico 2. Preços líquidos por faixa de volume.

Evolução da RMCR

Fonte: MilkPoint Radar

Os produtores do MilkPoint Radar receberam, em média, R$ 1,377 de preço líquido ponderado pelo volume de produção, redução de quase 3 centavos em relação ao pagamento de dezembro, quando o preço líquido ponderado foi de R$1,404/litro. Este valor corresponde à média nacional dos produtores participantes neste mês, ponderado pelo volume. Este volume produzido corresponde a um valor de R$ 49.880.244,20.

Se não ponderarmos este valor pelo volume, encontraremos um valor médio recebido pelos produtores de R$ 1,256/litro. Convém ressaltar, ainda, que cerca de 50% dos produtores tiveram preço abaixo de R$ 1,251 e média abaixo de 838 litros/dia.

Os dados também indicam uma redução na oferta de leite: os produtores que inseriram dados em dezembro e em janeiro, apresentando uma queda no volume diário médio de -3,9%. Tal tendência é contrária ao histórico: segundo dados do IBGE, sazonalmente há um crescimento na captação de 2,2% entre os meses de comparação.

Alguns fatores explicam esta tendência de queda na produção dos produtores monitorados pelo MilkPoint Radar. O principal deles está relacionado ao perfil do sistema de produção destes produtores: ainda são, em média, bem maiores dos que o produtor médio brasileiro, seu sistema de produção é mais intensivo (inclusive com maior utilização de silagem de milho) e os animais utilizados tem perfil genético mais especializado na produção de leite. Nesta época do ano, de maior calor nas regiões Sudeste e Centro Oeste, normalmente a produção deste perfil de fazendeiros começa a cair, notadamente em função da redução do conforto térmico das vacas. Adicionalmente, a forte queda de preços observada no segundo semestre de 2016 e até agora e a ocorrência de veranicos em algumas importantes regiões de produção de Minas Gerais e Goiás, ajudaram na tendência de redução da produção indicada pelos números do MilkPoint Radar.

Entre os principais estados produtores de leite, apenas Rio Grande do Sul e Santa Catarina apontaram aumentos nos preços médios neste mês, de 4 e 3 centavos respectivamente (levando-se em consideração apenas produtores que inseriram seus dados em janeiro e dezembro). Dentre as quedas nos preços, a mais relevante ocorreu em São Paulo, com diminuição média de 2 centavos por litro. Já Goiás manteve-se estável em janeiro. Quanto à oferta, apenas o Paraná apontou aumento na produção diária de leite no mês, com 0,7% de aumento. Dentre os demais estados, que apontaram redução de volume, a maior foi vista em São Paulo (-9,0%). Estes valores podem ser vistos no gráfico abaixo.


Gráfico 3 – Variação de preço por produtor nos principais estados em produção de leite – Pagamento de janeiro (leite de dezembro) x dezembro (leite de novembro).

Evolução da RMCR

Fonte: MilkPoint Radar.

Dentre os preços líquidos médios destes estados, recebidos em cada faixa de produção, podemos ver que a tendência de preços foi semelhante à média nacional: produtores com maior volume diário ganham mais em média do que produtores com mais baixa produção. A maior média de preços pode ser observada em São Paulo, na faixa acima de 6.000 litros/dia, de R$ 1,567. Já o menor preço médio foi observado em Santa Catarina, para produtores abaixo de 250 litros/dia, de R$ 1,048. Os preços médios de cada faixa de produção dos principais estados produtores podem ser observados no gráfico abaixo.


Gráfico 4 – Preço médio recebido por produtor nos principais estados em produção de leite – Pagamento de janeiro (leite de dezembro) x dezembro (leite de novembro).

Evolução da RMCR

Fonte: MilkPoint Radar.

Em relação à qualidade, o teor de gordura foi 3,66%, apenas 0,3% acima do mês anterior, enquanto o teor de proteína foi 3,24% (-0,6%). Os dados de CCS e CBT apontam alta, fechando em 385 mil/ml (+8,8%) e 47 mil UFC/ml (+9,3%) respectivamente. Tais informações podem ser vistas na tabela 1 abaixo.

Tabela 1 – Indicadores MilkPoint Radar – Pagamento de Janeiro x Dezembro

Evolução da RMCR
* Preço líquido (média nacional)
** Considerando produtores que colocaram dados nos dois meses
Fonte: MilkPoint Radar