Termômetro de mercado
07/03/2017

Preços pagos aos produtores apresentam primeira alta após quatro meses de forte queda

Os dados do MilkPoint Radar, referentes ao leite pago no mês de fevereiro (e fornecido em janeiro), apontam para alta nos preços pagos pelos produtores neste mês, após quatro meses de fortes quedas.

O gráfico 1 mostra a evolução dos indicadores de preços, de setembro a fevereiro. O indicador de preços líquidos em média simples (média do preço pago a cada produtor, sem considerar o volume dos produtores) terminou o mês em R$ 1,303/litro, aumento de cerca de 5 centavos em relação ao valor monitorado no mês anterior. O preço médio ponderado pelo volume, por sua vez, fechou em R$ 1,443/litro, cerca de 4 centavos a mais do que o valor divulgado em janeiro.

Gráfico 1:
Evolução dos indicadores de preços líquidos do MilkPoint Radar, de setembro de 2016 a fevereiro de 2017.

Evolução da RMCR

Fonte: MilkPoint Radar

Além disso, os dados de fevereiro apontam para a alta no preço líquido em todas as faixas de produção. A maior alta nos preços pode ser vista pelos produtores com produção acima de 6.000 litros/dia, com aumento de 8 centavos em relação ao mês anterior. Além disso, as duas primeiras categorias (produtores abaixo de 250 litros/dia e de 250 a 500 litros/dia) apontaram alta de 3 centavos e, as demais categorias, apontaram alta de 6 centavos em média. Convém ressaltar ainda, que os produtores acima de 6.000 litros receberam em média 43 centavos a mais do que os produtores abaixo de 250 litros/dia. O gráfico 2 mostra os preços líquidos por média de volume de leite.


Gráfico 2. Preços líquidos por faixa de produção (leite pago em fevereiro e janeiro).
Evolução da RMCR
Fonte: MilkPoint Radar

O cenário de alta foi a realidade de grande parte dos produtores que participam do sistema: entre os usuários que inseriram os dados tanto de janeiro quanto de fevereiro, 70,8% apontaram altas nos preços enquanto 9,6% declararam estabilidade e 19,6% alta nos preços. Os motivos relatados pelos participantes que não apresentaram alta foram, principalmente, produtores com contratos em preços fixados em meses anteriores e o fato de que alguns laticínios acabaram pagando menos seus fornecedores pela diminuição das vendas de leite no período de férias escolares.

Gráfico 3. Tendência de variação do preço líquido – Fevereiro x Janeiro

Evolução da RMCR
Fonte: MilkPoint Radar


Neste mês, o sistema contou com 686 produtores de leite, um acréscimo de 2,1% sobre o mês passado. A média por produtor foi de 1.665 litros, volume 4,3% menor do que no mês anterior mas, ainda assim, muito acima da média nacional. O volume diário monitorado continuou próximo a 1,15 milhão de litros/dia, 1,6% mais baixo do que o valor monitorado em janeiro.
Os dados também indicam uma alta redução na oferta de leite: os produtores que inseriram dados nos dois últimos meses apresentaram uma queda no volume diário médio de -3,3%.

A tendência de queda na oferta pode ser explicada, principalmente, pelo perfil do sistema de produção dos produtores que participam do MilkPoint, que ainda são, em média, bem maiores dos que o produtor médio brasileiro, com um sistema de produção mais intensivo e que usam animais com perfil genético mais especializado na produção de leite. Nesta época do ano, de maior calor em todo o Centro-Sul, normalmente a produção deste perfil de fazendeiros começa a cair, notadamente em função da redução do conforto térmico das vacas. Além disso, podemos destacar como fatores secundários, a forte queda de preços observada no segundo semestre de 2016 e a ocorrência de veranicos em algumas importantes regiões de produção.

Entre os principais estados produtores de leite, todos apresentaram a mesma tendência. Quanto aos preços, o cenário foi de alta geral, indo de 2 centavos (Paraná) até 8 centavos (Minas Gerais). Já em relação a oferta, pudemos verificar quedar na produção de todos os estados analisados, sendo a maior delas vista em São Paulo (-6,4%) e a menor observada em Minas Gerais (-1,1%).

Gráfico 4 – Variação de preço por produtor nos principais estados em produção de leite – Pagamento de fevereiro (leite de janeiro) x janeiro (leite de dezembro).

Evolução da RMCR
Fonte: MilkPoint Radar

Dentre os preços líquidos médios destes estados, recebidos em cada faixa de produção, podemos ver que a tendência de preços foi semelhante à média nacional: produtores com maior volume diário ganham mais em média do que produtores com mais baixa produção. A maior média de preços pode ser observada em Minas Gerais, na faixa acima de 6.000 litros/dia, de R$ 1,66. Já o menor preço médio foi observado no Rio Grande do Sul, para produtores abaixo de 250 litros/dia, de R$ 1,05. Os preços médios de cada faixa de produção dos principais estados produtores podem ser observados no gráfico abaixo.


Gráfico 5 – Preço médio recebido por produtor nos principais estados em produção de leite – Pagamento de fevereiro (leite de janeiro) x janeiro (leite de dezembro).

Evolução da RMCR
Fonte: MilkPoint Radar


Em relação à qualidade, podemos ver que o teor de gordura apresentou alta neste mês, de 0,3%, fechando em 3,67%. Já o teor de proteína apresentou pequena queda em relação a janeiro, resultando em 3,23%, 0,3% a menos do que o valor divulgado no último mês. Quanto aos dados de CCS e CBT, podemos ver quem apresentaram queda: a CCS ficou em 379 mil/ml (-1,6%) e a CBT foi de 42 mil UFC/ml (-10,6%). Tais informações podem ser vistas na tabela 1 abaixo.

Tabela 1 – Indicadores MilkPoint Radar – Pagamento de Fevereiro x Janeiro
Evolução da RMCR
* Preço líquido (média nacional)
** Considerando produtores que colocaram dados nos dois meses
Fonte: MilkPoint Radar